Moradores em situação de rua

População de rua precisa de um olhar mais humano

A falta de políticas públicas e a má utilização dos recursos impossibilita a reinserção dos moradores de rua em sociedade

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A falta de políticas públicas específicas para os moradores de rua foi o tema da Audiência Pública realizada nesta quinta-feira, 30 de junho, pelo vereador Aurélio Nomura, líder do PSDB na Câmara Municipal de São Paulo.

O representante da Pastoral dos Moradores de Rua da Paróquia do Santíssimo Sacramento Antônio Afonso Siqueira, que na ocasião representou o Padre Júlio Lancellotti, criticou a forma como funcionam os locais de acolhimento. “O problema não é a quantidade de albergues, mas sim o jeito que eles recebem essa população. Porque não adianta tirar a pessoa que está em uma praça na região da Bela Vista, centro, e a levar para Guaianazes, zona leste, à meia noite, e querer que ela passe a noite no albergue e às seis da manhã volte para o centro”, argumentou.

Para ele, é necessário olhar para a população de rua pensando nas necessidades delas. “É fundamental pensar em ações específicas e não de maneira geral, porque as pessoas são diferentes e o poder público precisa pensar nisso quando faz as políticas para recebê-las”, disse Siqueira.

O Frei Agostino, da Comunidade Voz dos Pobres, concorda com o representante da Pastoral dos Moradores de Rua. “O Censo realizado pela prefeitura deveria perceber que o perfil da população vem mudando e isso deve ser levado em consideração”, explicou.

A falta de vagas nos serviços oferecidos pela prefeitura foi outro problema apontado pelos participantes da audiência. “O plano emergencial da prefeitura tem capacidade para atender apenas metade da população de rua. Precisamos de mais vagas”, declarou Frei Agostinho.  O mesmo argumentou Tabata Tessere, que acompanha a situação de moradores de rua. “Essa gestão se comprometeu em dar um tratamento humanitário à população em situação de rua e vemos a falta de vagas em albergues e a falta de locais de acolhidas específicas, por exemplo, para receber pessoas com família grande ou com cachorros”, acrescentou.

A chefe de gabinete da secretaria municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Mariana Chiesa Gouveia Nascimento, rebateu as críticas mas afirmou que ainda há muito no que se avançar. “Os albergues estão espalhados pela cidade e estamos trabalhando para atender as especificidades da população de rua”, explicou.

O vereador Aurélio Nomura, proponente da audiência pública, sinalizou para a necessidade de políticas para reinserir os moradores de rua na sociedade. “Alguém deve estar equivocado, porque a representante da prefeitura diz que tem vagas, cerca de 12 mil, e não é isso que vemos. Mesmo com a alegação de que a população de rua não queira ir para os albergues, tenho certeza que mesmo que quisessem não teria vagas suficientes para todos. Precisamos de políticas públicas para as pessoas em situação de rua para que elas possam ser reinseridas na sociedade”, disse.

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