Dependente químico precisa de praça?

A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social pretende criar uma praça na região da Luz destinada a dependentes químicos. A ideia é oferecer atividades culturais e esportivas para os usuários de drogas, que antes ocupavam a “favelinha” do crack, removida recentemente, e também para a população.

Mas o fato é que o problema dos usuários abusivos de álcool e drogas só vai mudar de endereço. A Prefeitura já gastou milhões de reais para bancar o Programa de Braços Abertos e das 798 pessoas atendidas até agora, 344 já desistiram. A Prefeitura alega que a maior parte dos desistentes migrou para outros tipos de acolhimento (65 afastadas por licença-maternidade) ou voltaram para suas famílias (41 dependentes) – ou seja, apenas 106 pessoas, ou só 13%. Qual a situação dos demais 348 atendidos? Quantos têm comparecido regularmente ao trabalho? Em que nível conseguiram diminuir a dependência?

A atenção aos dependentes químicos faz parte do Programa de Governo, estabelecida na Meta 26, porém, de fato, a Prefeitura mostra completa indiferença ao tema. Dos 17 Caps AD, destinados ao tratamento de dependentes de álcool e droga, apenas um foi inaugurado nestes dois anos e meio de gestão. Pior: fechou em março a única unidade de atendimento público de São Paulo especializada no tratamento de crianças e adolescentes (inclusive do sexo feminino) sem oferecer às famílias opções para onde encaminhar os filhos em tratamento.

Não basta dar abrigo, trabalho, alimentação e agora uma praça ao dependente químico. Não é esse o único caminho que vai afastá-lo das drogas. É preciso, sim, retirá-lo do ambiente e do convívio com os outros usuários a fim de protegê-lo.

A Prefeitura precisa dar mais atenção à recuperação da vida e à reinserção social, com os quais as pessoas retomam sua dignidade. É preciso enfrentar com ações efetivas esse problema social e de saúde pública que tende a crescer de maneira perigosa, caso não seja combatido com ações concretas.

 

Aurélio Nomura é vereador (PSDB) e 1º Secretário na Câmara Municipal de São Paulo

Rolar para o topo