Comunidade okinawana ganha Dia Internacional do Uchinanchu

Lei do vereador Aurélio Nomura (nº 17.395, de 15 de julho de 2020) promulgada na quinta-feira, 31,  instituiu o Dia Internacional do Uchinanchu a ser comemorado anualmente em 30 de outubro, e inclui a data no Calendário Oficial de Eventos da Cidade de São Paulo.

“O objetivo é debater e incentivar a preservação das tradições e dos valores culturais da comunidade okinawana para que seja possível transmitir o legado dos pioneiros da imigração okinawana no Brasil”, explica o vereador Aurélio Nomura.

A data se associa ao “Dia dos Uchinanchus”, instituído pelo então governador de Okinawa, Takeshi Onaga (falecido em 2018), no dia 30 de outubro de 2016, na realização do 6º Festival Mundial Uchinanchu, que acontece a cada 5 anos naquela província. A comemoração foi idealizada pelos latinos americanos Andres Higa e Andres Tadashi Y. Urbina como forma de valorizar os costumes, a cultura e as histórias dos descendentes de Okinawa que vivem não somente no Japão, mas em todo o mundo.

A comunidade okinawana tem papel destacado na história da imigração japonesa ao Brasil, sendo a província com o maior número de imigrantes. No navio Kasato Maru, que trouxe a primeira leva de japoneses ao país, dos 781 pioneiros, nada menos que 325 (41,5%) eram oriundos de Okinawa.

Na Capital, um dos principais responsáveis por divulgar a música, a dança e a comida da região é o “Okinawa Festival”, organizado pela comunidade da Vila Carrão, que acontece há 15 anos. Em entrevista à BBC Brasil, em 2018, Terio Uehara, então presidente da Associação Okinawa de Vila Carrão destacou: “Okinawanos são muito unidos, e precisaram se unir ainda mais quando foram para um país estrangeiro. Por isso temos tantas associações. Em Okinawa se valoriza muito a origem, há uma relação próxima com sua terra. A maioria dos descendentes sabe de qual cidade e qual bairro sua família veio. Tem uma associação para cada região.”

“A cultura okinawana ultrapassou barreiras étnicas e linguísticas, sendo admirada e preservada mesmo por não descendentes sanguíneos”, observa o vereador Aurélio Nomura. “Nos dias de hoje, a comunidade okinawana representa 10% de toda a comunidade nikkei no Brasil, ou seja, algo em torno de 160 mil pessoas. No País, são nada menos que 44 associações okinawanas. Apenas esses números dão uma noção da importância da representatividade no Brasil da comunidade okinawana e mostram por que o espírito uchinanchu é tão forte e tão preservado. Ser uchinanchu é muito mais que carregar e ser herdeiro de uma cultura milenar. Ser uchinanchu é, na verdade, um estado de espírito – o espírito okinawano que vem se desenvolvendo ao longo de sua História, de modo tão peculiar, que os diferencia radicalmente de todos os descendentes de outras províncias japonesas”, destaca Aurélio Nomura, autor da Lei.

“Eles trazem dentro de si, a herança de Uchina ou Ryukyu, que foi um reino independente até o século XVIII, conhecido como a terra da cortesia pela posição estratégica entre a China, Taiwan, Filipinas, Indonésia, Japão. Esse temperamento expansivo, comunicativo e caloroso dos okinawanos teve origem justamente nesse intenso contato que o reino manteve com essas culturas de forma dinâmica, hospitaleira, cortês e diplomática”, afirma o vereador.

“Celebrando essa data pretende-se, também, identificar e preservar internacionalmente os valores dos descendentes de Okinawa, divulgando-os de forma ampla, de modo a transmitir o legado da cultura para as próximas gerações, e, em nosso país, compartilhá-los com a sociedade brasileira”, finaliza o vereador Aurélio Nomura.

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